domingo, 7 de fevereiro de 2021

"TODO MUNDO TEM DIREITO A TER UM DEUS!" Semíramis

 

"TODO MUNDO TEM DIREITO A TER UM DEUS!"
Esta frase foi dita por "Semíramis", a personagem que a a Atriz Francisca Queiroz vem dando vida na novela Gênesis da Rede Record. Apesar de não ter seu nome citado nas páginas da Bíblia Sagrada, diversos são os relatos históricos que comprovam a existência da mãe de Ninrode. Aliás, "Esposa/Mãe", já que ela fez de tudo para "Casar-se" com o próprio filho.
Muito do que foi despertado em Ninrode é fruto dessa mulher sem escrúpulos e sem nenhum temor à Deus, e que se tornou, entre outras coisas, "A primeira rainha do céu."
Sem nos darmos a devida conta, a "Imagem de Semíramis" está presente em nosso dia a dia. "Na nota de 100 Reais, onde se vê a imagem de uma mulher e escrito "República"; ali esta ela!" A "Estátua da Liberdade", um dos mais famosos monumentos dos EUA", ali está ela! Na imagem da "Columbia Picture", ali está ela! Na estátua onde aparece a "Virgem e o menino", ali também está ela!
O Apóstolo Paulo, em sua viagem missionária à cidade de Éfeso, defrontou-se com "Diana dos Efésios". Este ídolo, era "Uma das tantas "Rainhas do céus." Na mitologia romana era adorada como deusa da lua e da caça. Para os gregos, ele era chamada de Artemis. Como podemos ver, em várias culturas antigas, o diabo fomentou a existência de uma "Semiramis."
Quando houve a grande dispersão dos descendentes de Cam, filho de Noé, por conta da "Confusâo de línguas" imposta pos Deus durante a construçâo da Torre de Babel erigida por Ninrode, eles se espalharam sobre terra levando com eles a apostasia de um coração contrário a Deus e a tudo que Ele ordenou ao homem fazer.
A Babilônia, "Berço de toda a apostasia que o mundo vivencia até hoje", foi a terra fértil onde Semíramis, depois da prematura morte de Ninrode, prossegue com sua obra satânica, através de "Tamuz", o segundo filho que gera. Se sobre Ninrode encontramos seu nome registrado na Bíblia Sagrada, (Gênesis 10.8-12), o de Tamuz, não é diferente, pois o encontramos no texto do livro do Profeta Ezequiel, quando Deus o chama para mostrar-lhe as abominações que estavam sendo cometidas dentro do templo: "E disse-me: Ainda tornarás a ver maiores abominações, que estes fazem. E levou-me à entrada da porta da casa do Senhor, que está do lado norte, e eis que estavam ali mulheres assentadas chorando a Tamuz." Ezequiel 8.13-14.
Nâo vou me estender muito falando sobre o amaldiçoado legado de Semíramis e seus filhos Ninrode e Tamuz, uma vez que através de uma simples consulta no Google, é possível ter acesso a um vasto material que nos mostra, como o diabo intronizou nas mais diversas culturas a ideia de que "Deus tem mãe", que "O céu tem uma rainha", "Que "Maria está no mesmo patamar que Jesus Cristo como alguém que também intercede por nós, e muitas outras abominações e que provocam a ira de Deus. A Bíblia Sagrada (Dos Católicos Apostólicos Romanos e dos Evangélicos), está repleta de versículos que falam contra o pecado da idolatria. Eis abaixo, apenas alguns deles:
"Não terás outros deuses além de mim. "Não farás para ti nenhum ídolo, ne­nhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra." Êxodo 20:3-4
"Não se voltem para os ídolos nem façam para vocês deuses de metal. Eu sou o ­Senhor, o Deus de vocês." Levítico 19:4
"Eu sou o Senhor; este é o meu nome!
Não darei a outro a minha glória
nem a imagens o meu louvor." Isaías 42:8
"Filhinhos, guardem-se dos ídolos."
1 João 5:21
"Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis." Romanos 1:22,23.
Embora a novela Gênesis tenha a proposta de ser um "Entretenimento", de forma inteligente, ela tem aproximado uma grande parcela das famílias brasileiras das histórias da Bíblia Sagrada, permitindo que muitos que nunca a tinham lido, entendam que "Deus criou os céus, a terra e tudo o que neles há. Que embora o homem tenha pecado e se afastado do Seu propósito eterno, através de Jesus Cristo, podemos ser, novamente "Reconectados com Ele!" A verdade é que essa reconexão se dá apenas através de Jesus Cristo! Afinal, foi Ele mesmo que disse: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim." João 14.6.
Se de fato, como disse a "Semíramis" através da Atriz que dá vida a personagem, "Todos tem direito a ter um deus, (Livre arbítrio), é bom que se diga, queiram ou não, que só existe um Deus com "D" maiúsculo, como registrado na própria Bíblia Sagrada. Todos os outros são "deuses" com "d" minúsculo. Mas, "Escolha é escolha", e viveremos com ela!

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Por que Deus Se Refere a Si Mesmo no Plural em Gênesis 1:26 e 3:22?

 

Publicado em:

Como cristãos, acreditamos em um Deus, então por que ele se refere a si mesmo no plural em versículos como Gênesis 1:26 e Gênesis 3:22? Alguns comentaristas judeus sugeriram que, quando Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem”, ele também estava falando aos anjos, mas esse não é provavelmente o caso nesta narrativa.




Além disso, em Gênesis 1:26 e Gênesis 3:22, Deus usa o nome “Elohim” em referência a si mesmo. Isso tem um significado plural. Então, se nosso Deus é um (Deuteronômio 6: 4), como isso é calculado? Por que um Deus singular se referiria a si mesmo no plural? E o que isso significa para nós hoje?

No começo era a Trindade

Mesmo no primeiro capítulo da Bíblia, vemos a Trindade em jogo. Por Trindade, queremos dizer que embora nosso Deus seja um, três pessoas constituem a Trindade: Deus Pai (Mateus 6:26), Deus o Filho (João 3:16) e Deus o Espírito Santo (João 14:16) .

Embora nunca vejamos o termo “Trindade” nas Escrituras, a Bíblia deixa claro que Deus é três em um. Séculos de debate na igreja, desde o início, tentaram encontrar uma maneira de entender como Deus pode ser três em um.

Precisamos entender, de nossa perspectiva humana, nunca podemos compreender totalmente a natureza de um Deus onipotente, onipresente e onisciente. Seus caminhos não são os nossos (Isaías 55: 8-9). No entanto, para obter um grande recurso sobre a Trindade, consulte o livro de Nabeel Qureshi, Procurando Allah, Encontrando Jesus.

Mas por que Deus precisaria operar dessa maneira? Pense nisso assim. Se Deus é plural, três em um, Deus não está sozinho. Portanto, quando ele criou, ele o fez como uma manifestação de seu amor, não por necessidade para apaziguar seu tédio ou solidão.

Se Deus fosse um em um, ele seria dependente de sua criação (dependente deles para entretê-lo, aliviar seu tédio ou solidão, ou realizar tarefas para ele como escravos). Esse não é um Deus amoroso e todo-poderoso. Esse é um Deus necessitado e egoísta. No entanto, porque a Trindade existe, Deus não precisa de humanos. Mesmo assim, ele nos criou como um ato de amor.

Significado e importância para os cristãos hoje

Por que precisamos conhecer a natureza de Deus?

Primeiro, Deus quer ter um relacionamento conosco (Romanos 5: 8). Sempre que quisermos fortalecer um relacionamento, temos que aprender mais sobre a outra pessoa. Conhecer a natureza de Deus pode fortalecer nossa compreensão dele e relacionamento com ele.

Em segundo lugar, podemos ver dicas de um fio do Evangelho, mesmo no início. Deus o Pai, o Filho e o Espírito participaram de todas as partes da história da humanidade, até mesmo da criação (Gênesis 1: 2). E todas as partes da Trindade ainda estão ativas em nossas vidas hoje. Deus, o Pai, não desistiu depois do Antigo Testamento, e Deus, o Filho, não parou seu trabalho quando subiu ao céu. E Deus Espírito Santo não começou seu trabalho no Pentecostes. Deus estava ativo no início, continua ativo e persistirá em fazê-lo por toda a eternidade.

Terceiro, temos um Deus que nos criou como um ato de amor. Deus não precisa de nós, mas decidiu que o mundo poderia usar um pouco de cada um de nós. É incrível que tenhamos um Deus que não depende de nós, mas ainda assim deseja se relacionar com todos os seres humanos!

Crédito da foto: © iStock / Getty Images Plus / Romolo Tavani

https://www.obuxixogospel.com.br/2021/01/11/por-que-deus-se-refere-a-si-mesmo-no-plural-em-genesis-126-e-322/

sábado, 31 de outubro de 2020

A REFORMA PROTESTANTE VALEU A PENA? - E VIVA OS ANABATISTAS.

 503 anos da Deforma Protestante. "Valeu a pena?

Isac Machado de Moura

Tudo Vale a pena, quando a alma não é pequena." Mas a alma foi muito pequena quando Lutero mandou matar; quando Lutero alterou o cânon, já bastante suspeito em sua construção; quando Lutero chamava de CÃES os que discordavam de sua interpretação; quando Lutero, perseguido pelo Vaticano, torna-se perseguidor dos anabatistas; quando Calvino cria sua própria inquisição protestante; quando Calvino vota a favor da morte de Miguel Serveto (médico, teólogo, filósofo, geógrafo, astrônomo, astrólogo), que já havia escapado de uma condenação pela superpoderosa Santa Madre Igreja Católica.

Defensores de Calvino vão dizer que ele votou APENAS a favor da morte, não da fogueira. Mas o espanhol foi executado na fogueira protestante, exatamente como faziam os católicos. Eu sei que Calvino não foi o único responsável pela morte de Serveto, mas teve participação fundamental. A "inquisição protestante", o Consistório, o Pequeno Conselho (tudo isso se resume a uma coisa só) foi bastante cruel. Determinou-se que a lenha fosse verde, para que a fogueira durasse mais e aumentasse a tortura. Uma coroa de espinhos com enxofre foi colocada na cabeça de Serveto.

Nesses casos, e em tantos outros, a Reforma teve a alma bem pequena, reproduzindo atitudes da Santa Madre Igreja e seus inquisidores cruéis. Tudo feito em nome de Deus, de Jesus. Não quero diminuir a importância da Reforma. Foi necessária. Trouxe avanços. Mas usou as mesmas armas sujas da Santa Madre Igreja. Trouxe liberdade? Sim, trouxe, a partir de um dado momento. Mas trouxe controle, também, trouxe espionagem eclesiástica. Calvino que o diga. Trouxe o papo furado de uns "escolhidos" e outros descartados para o inferno, que é o mesmo inferno católico, com o mesmo capiroto católico, mas sem purgatório. O Jesus da Reforma não foi o Jesus dos evangelhos. Em Jesus, até os "inimigos", os opositores eram O PRÓXIMO. Em Paulo, o discordante já era ANÁTEMA. No Constantinismo, que convencionamos chamar de Cristianismo, o opositor era uma AMEAÇA a ser destruída. E isso foi aplicado aos seguidores do Cristo de Nazaré que se recusaram se render a estatização da religião pelo Império Romano.

Em Lutero, em Calvino e seus sucessores, o discordante continuou sendo um HEREGE a ser combatido. Os anabatistas que o digam. Serveto conseguiu escapar da Santa Madre Igreja, mas na fuga, caiu nas mãos dos REFORMADORES de Genebra. Não foi acolhido. Foi executado. E com muita crueldade. E Calvino teve parte fundamental nisso. Estudando um pouquinho que seja da história da Santa Madre Igreja, da história da Reforma, fica bem fácil entender o apoio dos reformados a HItler, mas com uma resistência chamada Dietrich Bonhoeffer, pastor da Igreja Confessante alemã, que não se rendeu e foi executado pelo monstro alemão, com apoio de outros pastores sim. Pastores que hoje apoiariam a execução de Ed René Kivitz, de Ricado Gondim, de Ariovaldo Ramos, de Caio Fábio e de tantos outros. Fica fácil entender a igreja fechada com o apartheid sul-africano, porém com a resistência do bispo anglicano Desmond Tutu. Fica fácil entender batistas norte-americanos fechados com a ku klux klan, mas com a resistência de Martin Luther King. Fica fácil entender o que está acontecendo no Brasil de agora e no Brasil pós 64.

Fica muito fácil entender dois PASTORES PRESBITERIANOS CALVINISTAS nesse governo lutando pela DESTRUÍÇÃO do país, em suas respectivas áreas; dois ministros palacianos BATISTAS e militares ao mesmo tempo (duas desgraças juntas); uma PASTORA NEOPENTECOSTAL lutando contra os Direitos Humanos e da Mulher, como se a causa da mulher não coubesse nos direitos HUMANOS. A Reforma não resolveu problemas elementares como a intolerância, a preocupação com o fiofó alheio, com a sexualidade alheia, o fanatismo religioso, os desvios de caráter. A Reforma foi teológica, com direito a exclusão de livros que Lutero não GOSTAVA; foi litúrgica, trocando missa por culto, mas a princípio, para alguns, e até hoje, para outros, mantendo a batina e o batismo infantil. Não foi uma reforma baseada no amor. Foi mais uma Deforma Protestante. A igreja seguiu estatal por muitos séculos, e parece que agora quer voltar a ser.

E foram tantas pequenas reformas dentro da Reforma, que hoje os nomes de igrejas NÃO param de surgir, alguns bem engraçados até. Hoje, o Constantinismo / Cristianismo sequer responde a proposta do ECUMENISMO, de juntar numa mesma mesa, apenas para o DIÁLOGO e não para uma rejunção, todos os grupos cristãos. Então não podemos mesmo esperar um diálogo INTER-RELIGIOSO, embora eu continue apostando nele, como única possibilidade de não nos destruímos. "O JUSTO VIVERÁ PELA FÉ", mas se a fé do "JUSTO" for diferente da minha, SEGREGAÇÃO, PERSEGUIÇÃO E MORTE. Aliás, "se a fé não for igual a minha, não pode ser justo". 31.10.1517 - 31.10.2020 = 503 anos.

A REFORMA QUE FICOU PELO CAMINHO - VIVA OS ANABATISTAS.

Quando um pregador vem a público "explicar o sermão para quem não é membro da sua comunidade....então penso, logo existo...
NO DIA DA REFORMA PROTESTANTE - 2 velhos conselhos dos anos 70-80
Seguindo os dois conselhos de dois ex-professores da FTBSP. Um deles já está no descanso eterno. E o outro ainda vivo. Um deles tradutor da bíblia e outro professor de filosofia. Preservo seus nomes.
1. Quando for debater defina os termos. O pregador pode ter uma idéia diferente do mesmo termo, mais complexa. Ou ele está usando com um determinado sentido que vc desconhece ou ignora. (1978 - Introdução a Filosofia)
2. Quando vc pregar, fale que um junior ou adolescente entenda, compreenda, use os termos que eles conheçam.(1981 - Homilética)
Diante de fatos atuais, concluo. Hoje
1. O ensino teológico atual está navegando em temas do século 18-19
2. Estão "doutrinando" as pessoas e não conduzindo os membros das suas igrejas para a maturidade cristã, e estimulando a liberdade
3.Estão desenvolvendo os "papagaios da teologia", esquecendo de desenvolverem " João de barro da teologia" ou do "pensamento bíblico"
4. Ainda não "atualizaram" nem entenderam o conceito bíblico de discípulo segundo os moldes do "contexto Jesus", produzindo "cristão robotizados" para produzirem o lucro que sustenta a religião: batismos, finanças, impérios denominacionais, pessoais ou familiares
5.É mais fácil de derrubar, apedrejar, crucificar quem está brilhando, quem está nas alturas, em vez de: se esforçar e alcançar os lugares altos da reflexão bíblica
Ora pro nobis
Paz e Bem
@jmiguelaguilera
A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, texto que diz "31/10/1517 "Apega-te a mim," então O Filho falou, "A partir de agora tu haverás de conseguir. Minha própria vida por dou, Eporti, enfrento riscos do porvir. DDer istués meu, sour teu, Fen mmr eu viver é um c velho inimigo não nosh miguelaguilera pode destruir." Lutero'"
Você
1 compartilhamento
Curtir
Comentar
Compartilhar

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Arminianismo e Calvinismo entre os Batistas: Passado, Presente e Futuro


O objetivo desse pequeno artigo não é responder à pergunta sobre em que aspectos as correntes teológicas, Arminianismo e Calvinismo, estão ou não de acordo com as Escrituras. Não que isso seja irrelevante; na verdade é muito importante. Mas sobre esse assunto já existe material vasto disponível e talvez eu não tenha nada novo a acrescentar. Meu alvo é mostrar como essas duas abordagens estiveram presentes na história dos Batistas e propor de que forma os batistas atuais poderiam lidar com elas para promover a edificação da igreja, a fidelidade à ordem de Cristo e consequentemente a glória de Deus.
Considerando a narrativa mais historicamente documentada sobre a origem dos batistas, o grupo surge em 1609 na Holanda, tendo como líderes o pastor John Smith e o advogado Thomas Hewlys. Apesar de terem saído do movimento Puritano Separatista inglês, rejeitaram o Calvinismo e, talvez por influência dos Menonitas (um ramo dos Anabatistas), adotaram uma soteriologia Arminiana.
Na Curta Confissão de Fé de John Smith (1609), ele escreve que a graça de Deus é “oferecida a todos sem distinção”. Além disso, os seres humanos seriam capazes de “resistir ao Espírito Santo” e também de se separar de Deus, perecendo para sempre. Já na Confissão de Fé de Thomas Hewlys (1611), foi escrito que Deus “predestinou que todos que cressem nEle fossem salvos”. E, também, que o ser humano pode cair da graça de Deus.
Em 1638, já na Inglaterra, surgem os primeiros Batistas Calvinistas, denominados Batistas Particulares (enquanto os Arminianos foram chamados de Batistas Gerais), também a partir dos Puritanos Separatistas. Esses batistas primeiro elaboram a Confissão Batista de Fé de Londres (1644) que estabelece que “Deus, antes da fundação do mundo, predestinou a alguns homens para a vida eterna, por meio de Jesus Cristo, para o louvor e glória da sua graça, havendo destinado e abandonado os demais em seu pecado para sua justa condenação”. Essa confissão foi revisada em 1646.
Em seguida, os Batistas Gerais produziram o documento Fé e Prática das Trinta Congregações (1651), onde declaram que Cristo “sofreu a morte por toda a humanidade”. Por seu turno, os Batistas Particulares publicam a Segunda Confissão de Fé de Londres (1677), que foi revisada em 1689. Este documento dispõe que “alguns homens e alguns anjos são predestinados (ou preordenados) para a vida eterna através de Jesus Cristo, para louvor da sua graça gloriosa”. E completa que “os demais são deixados em seu pecado, agindo para sua própria e justa condenação, e isto para louvor da justiça gloriosa de Deus”.
Os Batistas Gerais ainda produziram a Confissão Padrão (1660) e o Credo Ortodoxo (1678). E os Batistas Particulares elaboraram também a Confissão de Fé de Midland (1655) e a Confissão de Fé de Somerset (1656). Todas mantendo a mesma linha soteriológica.
Como se observa, os dois grupos surgiram separados e assim se mantiveram durante algum tempo. Entretanto, finalmente perceberam que tinham objetivos comuns e que poderiam aumentar a efetividade de suas ações se unissem forças. E foi assim que em 1891 os Batistas Particulares e Gerais se uniram, formando a União Batista da Grã-Bretanha, com o objetivo de “produzir igrejas saudáveis e integradas à missão de Deus”: fazer discípulos e abençoar a comunidade.
Nos Estados Unidos, chegam primeiro os Batistas Particulares, que também eram oriundos do movimento Puritano. Espelhando-se nos irmãos europeus, estes produziram, inspirados na Segunda Confissão de Fé de Londres, a Confissão de Fé da Filadélfia (1742). Também produziram a Confissão de Fé de Sandy Creek (1758).
Juntamente com o desenrolar do Grande Avivamento do século 18, cresceu consideravelmente o número de Batistas Gerais nos Estados Unidos. Estas igrejas também começaram a preparar suas próprias confissões de fé. Assim, produziram os Artigos de Religião da Nova Conexão (1770), que defendia que a salvação era oferecida a todos, sem exceção.
Com o tempo, com a intenção de estabelecer uma sociedade missionária que envolvesse um grande número de Igrejas Batistas, surgiu a Convenção Trienal, em 1814, composta tanto por Batistas Gerais quanto por Particulares. Essa organização adotou a Confissão de Fé de New Hampshire (1833), que buscava conciliar as duas visões.
O texto da confissão diz que “as bênçãos da salvação são oferecidas gratuitamente para todos” e que é “dever de todos aceita-las”. Além disso, afirma que “nada impede a salvação do maior pecador na Terra, a não ser sua própria depravação e rejeição voluntária do evangelho”. Também diz que a eleição era “o propósito eterno e Deus, de acordo com o qual Ele graciosamente regenera, santifica e salva os pecadores, e isso em perfeita harmonia com a livre agência do ser humano”. Por fim, a confissão declara que “apenas os verdadeiros crentes perseveram até o fim” e que “eles são mantidos pelo poder de Deus”.
Essa confissão passou a ser amplamente aceita pelos Batistas dos Estados Unidos e influenciou diretamente o texto da Mensagem e Fé Batista (1925), que é a confissão de fé da maior denominação Batista do país, a Convenção Batista do Sul. Nos Estados Unidos, as divisões que ocorreram entre os grupos Batistas se deram não mais pela soteriologia, mas por outras questões, como a escravidão e o liberalismo teológico.
Com isso, os Batistas em geral se distanciaram tanto do Arminianismo quanto do Calvinismo clássicos, e produziram uma teologia própria, que sustenta a depravação total do ser humano, a possibilidade de salvação para todos e a perseverança dos santos. Em 2010, o presidente e outros integrantes do Seminário Teológico do Sul publicaram um ensaio intitulado Nem Calvinistas nem Arminianos, mas Batistas. Uma pesquisa realizada em 2012 entre os pastores da Convenção Batista do Sul mostrou que a maioria (65%) não se identifica nem como Arminiano/Wesleyano nem como Calvinista/Reformado.
Confissão de Fé de New Hampshire também influenciou diretamente a Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira (1987), que estabelece que aprouve a Deus salvar, à luz de sua presciência, aqueles que “aceitariam livremente o dom da salvação”. O texto também afirma que “ainda que baseada na soberania de Deus, essa eleição está em perfeita consonância com o livre-arbítrio de cada um e de todos os homens” Além disso, dispõe que “os salvos perseveram em Cristo e estão guardados pelo poder de Deus”. Assim como nos Estados Unidos, a questão soteriológica não tem sido motivo de divisão entre os Batistas Brasileiros, como foi a questão pentecostal, por exemplo, na década de 60.
Essa mesma tendência pode ser observada em outros países do mundo que tem grande presença dos Batistas. Nas maiores associações Batistas em Mianmar, com cerca de 1 milhão de membros, e na Índia, com quase 3 milhões, há harmônica convivência entre as diferentes visões soteriológicas.
Diante deste panorama, é possível observar que a grande força dos Batistas foi justamente sua humildade. Apesar de começarem como Arminianos e se desenvolverem também tão bem como Calvinistas, os Batistas reconheceram que a dificuldade em estabelecer em todos os detalhes uma doutrina sobre a salvação não lhes permitiria permanecerem unidos e cooperando na obra missionária e social. Os Batistas entenderam que havia o risco real de tal discussão tomar mais tempo que o cumprimento da ordem de Jesus em si: fazer discípulos e ser sal da terra e luz do mundo.
Não se tratou de preguiça mental ou de desprezo pelas Escrituras. Os Batistas tiveram uma excelente safra de pensadores, que produziram profundas obras teológicas, inclusive no campo da dogmática. Mas também reconheceram a limitação da razão humana e confessaram a grandeza inescrutável de algumas verdades da Palavra de Deus.
Não é também que os Batistas ficaram "em cima do muro". Eles se posicionaram. Rejeitando o pelagianismo e o semi-pelagianismo, os Batistas declararam que a Escritura é a única fonte de autoridade da qual devem ser tiradas as verdades relativas à salvação, por exemplo, sobre a corrupção humana (Romanos 3.12), a inutilidade das obras e a necessidade da graça (Efésios 2.8-9), a iniciativa divina (João 6.44), a ordem de pregar a todos (Marcos 16.15) e que os crentes estão guardados por Deus (1 Pedro 1.5). Normalmente, essas doutrinas deviam ser subscritas por todos aqueles que quisessem fazer parte de suas associações e convenções.
Entretanto, reconhecendo também a complexidade de sistematizar verdades eternas tão profundas e, respeitando a autonomia das igrejas e a consciência do indivíduo, os Batistas permitiram que os crentes e suas comunidades tivessem liberdade para pensar sobre essas questões, desde que dentro dos limites das Escrituras. Por isso, não se pode dizer que os Batistas devam obrigatoriamente ser Arminianos ou Calvinistas. Desde que mantenham, além das verdades expostas no parágrafo anterior, os princípios do credobatismo, da separação entre igreja e Estado, do simbolismo das ordenanças, da autonomia da igreja local e da liberdade de consciência, eles podem ser tanto um quanto outro e continuar sendo Batistas.
Diante da riqueza da Palavra de Deus, da incapacidade da mente humana, do fato de a discussão já se arrastar por séculos e de que crentes altamente capazes e piedosos fizeram parte das duas correntes de pensamento, os Batistas perceberam o risco deste debate sobre qual linha teológica ser mais bíblica ou fiel produzir vaidade e um certo “orgulho espiritual”, criar mais calor do que luz e levar a mais divisão do que esclarecimento. A pregação e os diálogos eclesiásticos poderiam se tornar tão intelectualizados que já não seriam compreendidos nem por alguns pastores, quanto mais pelos membros comuns da igreja e o povo em geral, numa direção contrária à mensagem simples e direta de Cristo. Assim, ao invés de tentar fazer discípulos de Armínio ou de Calvino, os Batistas decidiram dedicar suas vidas para fazer discípulos de Jesus. Tenho certeza de que esses dois teólogos concordariam que foi a melhor decisão.
Hoje os Batistas têm grandes desafios diante de si. Assim como no passado, lutamos contra o liberalismo e por uma sadia formação dos vocacionados. Entretanto, agora também temos que cumprir a missão do discipulado numa sociedade pluralista e cada vez mais intolerante ao Evangelho, o que nos leva ao risco do pragmatismo. Precisamos ensinar uma cosmovisão cristã aos nossos jovens e enfrentar dentro de nossas igrejas a desestruturação familiar, o individualismo, as tensões políticas e a religiosidade.
Não tenho espaço para tentar dizer nestas poucas palavras como lidar com cada uma destas questões. Uma certeza que tenho é que as respostas só poderão ser encontradas na Palavra de Deus, com muita oração, sob a condução do Espírito Santo, e não em métodos humanos. Mas o que os Batistas antigos têm a nos ensinar é que acreditar que a adoção desta ou daquela linha soteriológica específica será “a solução” para a igreja é ilusão.
É importante sempre estar atento se nossa soteriologia está estabelecida na Palavra e fundamentada na graça, assim como afirmaram os Reformadores. Mas, não apenas os Batistas, como qualquer crente, comunidade ou denominação, só será relevante se reconhecer que ainda mais importante do que se intitular Arminiano ou Calvinista e defender a sua própria visão é ser discípulo de Jesus e assim querer ser reconhecido. Isso sim produz união, cooperação, proclamação, amor, testemunho, fidelidade e consequentemente a glória de Deus.

Fontes:

  • O cristianismo através dos séculos: uma história da igreja cristã (Earle E Cairns)
  • A celebração do indivíduo: a formação do pensamento Batista Brasileiro (Israel Belo de Azevedo)
  • The Baptist Story: from english sect to global movement (Anthony L. Chute)
  • Baptists in America: a history (Thomas S. Kidd)
  • http://www.reformedreader.org
  • http://evangelicalarminians.org
  • http://baptiststudiesonline.com
  • https://www.baptist.org.uk

PS: Após a publicação deste texto, percebi que poderia haver o mal-entendido, por parte de algumas pessoas, no sentido de que haveria uma crítica aos Batistas Reformados. Por isso, volto em poucas palavras apenas para dizer que creio que os Batistas Reformados têm muito a contribuir com os Batistas, entre outras coisas, chamando sua atenção para a necessidade de sempre fundamentar as doutrinas na Escritura, para o cuidado com a centralidade de Deus no culto e para os perigos do liberalismo teológico e do pragmatismo.

https://bruno-fae.blogspot.com/2017/11/arminianismo-e-calvinismo-entre-os.html