sábado, 31 de outubro de 2020

A REFORMA PROTESTANTE VALEU A PENA? - E VIVA OS ANABATISTAS.

 503 anos da Deforma Protestante. "Valeu a pena?

Isac Machado de Moura

Tudo Vale a pena, quando a alma não é pequena." Mas a alma foi muito pequena quando Lutero mandou matar; quando Lutero alterou o cânon, já bastante suspeito em sua construção; quando Lutero chamava de CÃES os que discordavam de sua interpretação; quando Lutero, perseguido pelo Vaticano, torna-se perseguidor dos anabatistas; quando Calvino cria sua própria inquisição protestante; quando Calvino vota a favor da morte de Miguel Serveto (médico, teólogo, filósofo, geógrafo, astrônomo, astrólogo), que já havia escapado de uma condenação pela superpoderosa Santa Madre Igreja Católica.

Defensores de Calvino vão dizer que ele votou APENAS a favor da morte, não da fogueira. Mas o espanhol foi executado na fogueira protestante, exatamente como faziam os católicos. Eu sei que Calvino não foi o único responsável pela morte de Serveto, mas teve participação fundamental. A "inquisição protestante", o Consistório, o Pequeno Conselho (tudo isso se resume a uma coisa só) foi bastante cruel. Determinou-se que a lenha fosse verde, para que a fogueira durasse mais e aumentasse a tortura. Uma coroa de espinhos com enxofre foi colocada na cabeça de Serveto.

Nesses casos, e em tantos outros, a Reforma teve a alma bem pequena, reproduzindo atitudes da Santa Madre Igreja e seus inquisidores cruéis. Tudo feito em nome de Deus, de Jesus. Não quero diminuir a importância da Reforma. Foi necessária. Trouxe avanços. Mas usou as mesmas armas sujas da Santa Madre Igreja. Trouxe liberdade? Sim, trouxe, a partir de um dado momento. Mas trouxe controle, também, trouxe espionagem eclesiástica. Calvino que o diga. Trouxe o papo furado de uns "escolhidos" e outros descartados para o inferno, que é o mesmo inferno católico, com o mesmo capiroto católico, mas sem purgatório. O Jesus da Reforma não foi o Jesus dos evangelhos. Em Jesus, até os "inimigos", os opositores eram O PRÓXIMO. Em Paulo, o discordante já era ANÁTEMA. No Constantinismo, que convencionamos chamar de Cristianismo, o opositor era uma AMEAÇA a ser destruída. E isso foi aplicado aos seguidores do Cristo de Nazaré que se recusaram se render a estatização da religião pelo Império Romano.

Em Lutero, em Calvino e seus sucessores, o discordante continuou sendo um HEREGE a ser combatido. Os anabatistas que o digam. Serveto conseguiu escapar da Santa Madre Igreja, mas na fuga, caiu nas mãos dos REFORMADORES de Genebra. Não foi acolhido. Foi executado. E com muita crueldade. E Calvino teve parte fundamental nisso. Estudando um pouquinho que seja da história da Santa Madre Igreja, da história da Reforma, fica bem fácil entender o apoio dos reformados a HItler, mas com uma resistência chamada Dietrich Bonhoeffer, pastor da Igreja Confessante alemã, que não se rendeu e foi executado pelo monstro alemão, com apoio de outros pastores sim. Pastores que hoje apoiariam a execução de Ed René Kivitz, de Ricado Gondim, de Ariovaldo Ramos, de Caio Fábio e de tantos outros. Fica fácil entender a igreja fechada com o apartheid sul-africano, porém com a resistência do bispo anglicano Desmond Tutu. Fica fácil entender batistas norte-americanos fechados com a ku klux klan, mas com a resistência de Martin Luther King. Fica fácil entender o que está acontecendo no Brasil de agora e no Brasil pós 64.

Fica muito fácil entender dois PASTORES PRESBITERIANOS CALVINISTAS nesse governo lutando pela DESTRUÍÇÃO do país, em suas respectivas áreas; dois ministros palacianos BATISTAS e militares ao mesmo tempo (duas desgraças juntas); uma PASTORA NEOPENTECOSTAL lutando contra os Direitos Humanos e da Mulher, como se a causa da mulher não coubesse nos direitos HUMANOS. A Reforma não resolveu problemas elementares como a intolerância, a preocupação com o fiofó alheio, com a sexualidade alheia, o fanatismo religioso, os desvios de caráter. A Reforma foi teológica, com direito a exclusão de livros que Lutero não GOSTAVA; foi litúrgica, trocando missa por culto, mas a princípio, para alguns, e até hoje, para outros, mantendo a batina e o batismo infantil. Não foi uma reforma baseada no amor. Foi mais uma Deforma Protestante. A igreja seguiu estatal por muitos séculos, e parece que agora quer voltar a ser.

E foram tantas pequenas reformas dentro da Reforma, que hoje os nomes de igrejas NÃO param de surgir, alguns bem engraçados até. Hoje, o Constantinismo / Cristianismo sequer responde a proposta do ECUMENISMO, de juntar numa mesma mesa, apenas para o DIÁLOGO e não para uma rejunção, todos os grupos cristãos. Então não podemos mesmo esperar um diálogo INTER-RELIGIOSO, embora eu continue apostando nele, como única possibilidade de não nos destruímos. "O JUSTO VIVERÁ PELA FÉ", mas se a fé do "JUSTO" for diferente da minha, SEGREGAÇÃO, PERSEGUIÇÃO E MORTE. Aliás, "se a fé não for igual a minha, não pode ser justo". 31.10.1517 - 31.10.2020 = 503 anos.

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